É impossível discutir o rock psicodélico dos anos 60 e mesmo nos Beatles sem falar em LSD. Da mesma forma, não dá para falar sobre o hip hop dos últimos anos sem tocar em outra droga polêmica: o purple drank.
Conhecido também como lean ou sizzurp, entre outros termos, o purple drank é uma espécie de coquetel batizado: além de levar refrigerantes como Sprite ou Mountain Dew, ele também recebe xaropes para tosse à base de codeína. Apesar de serem legais, remédios do tipo só são vendidos com prescrição médica.
Antes de continuar a leitura, ATENÇÃO: Nós não incentivamos o uso de nenhuma substância comentada nesse post. Esse artigo tem apenas o caráter informativo.
A droga ganhou popularidade junto com a cena do hip hop de Houston, no Texas, ainda nos anos 90. Representado por nomes como DJ Screw, Bun B e Pimp C, o hip hop dessa cidade do sul dos EUA deu origem à técnica musical conhecida como chopped and screwed.
O estilo do chopped and screwed gira em torno desaceleração das batidas, ou seja, gera aquele efeito “chapado” na música. Nada muito diferente dos efeitos de uma dose de purple drank, que pode levar à letargia e à tontura.
Já nos anos 2000, uma dos maiores hits ligado ao purple drank foi a música “Sippin’ on Some Syrup”, do grupo de Memphis Three 6 Mafia. Escutando a faixa, dá para ter uma boa noção da vibe do chopped and screwed.
Claro que o consumo do purple drank não vinha sem riscos. Um dos maiores responsáveis por popularizar a droga, o DJ Screw morreu de overdose de codeína e álcool em novembro de 2000, alguns meses após a ode do Three 6 Mafia ao xarope ser lançada.
Mais famoso no mainstream, o rapper Lil Wayne foi hospitalizado no ano passado por conta de seu vício em codeína. O rehab aconteceu após o rapper ter supostamente ingerido três garrafas de purple drank. E até mesmo Justin Bieber já foi associado à droga.
Mais recentemente, o purple drank migrou para outra subcultura: o vaporwave. Considerado um microgênero da música eletrônica atual, o vaporwave também aplica as técnicas desaceleradoras do chopped and screwed. Porém, aqui a base do hip hop recebe inserções que vão do R&B ao new wave, passando pelo jazz ou simplesmente pela música de elevador.
Além disso, o vaporwave soma a seu componente musical uma estética ao mesmo tempo nostálgica e etérea, que mistura elementos ciberpunks e nipônicos com imagens surrealistas. O roxo, claro, é a cor mais presente. Para resumir: algo como se os cavaleiros do zodíaco tivessem tomado algumas doses de purple drank.
O post foi modificado em: 21 de dezembro de 2017 16:08
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