É difícil encontrar alguém mais distante dos estereótipos que se fazem sobre estilistas: de origem africana, fã de basquete e formado em Engenharia Civil, Virgil Abloh tornou-se um dos nomes mais quentes da moda nos últimos tempos. Até conquistar o sucesso com a sua grife, a Off-White, o americano de 37 anos fez uma trajetória que reflete as mudanças pelas quais toda a indústria da moda tem passado — e para melhor.
Quem é Virgil Abloh?
Filho de ganeses, Abloh cresceu em Chicago. Criado numa família de classe média, ele conciliou a atuação como DJ e seu gosto por skate com a faculdade de Engenharia e um mestrado em Arquitetura. Foi em 2003, quando estava se formando, que ele começou a trabalhar com Kanye West, rapper que também é de Chicago e cuja carreira ainda deslanchava.
Por muito tempo, foi nas sombras de Kanye que Virgil Abloh atuou, com o seu cargo de “diretor-criativo”. O crescente relacionamento do rapper com a moda, no entanto, fez com que muita gente fosse correr atrás do homem que traduzia para as roupas a visão de Kanye.
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Em 2013, Abloh fundou sua marca própria, a Off-White. Não demorou muito para as suas criações chamarem a atenção: em 2015, ele foi um dos indicados ao respeitado prêmio de jovem designer da gigante LVMH. A indicação também ajudou a garantir a presença da Off-White em grandes multimarcas de luxo.
A marca Off-White de Virgil Abloh
Mas o que explica o buzz em torno da Off-White? Muito disso vem da capacidade da marca de conciliar o couture com o streetwear. Surgido em um tempo em que a moda andava meio perdida, Virgil Abloh soube trazer novamente vibração para os desfiles ao injetar a alma encantadora das ruas nas passarelas.
Outros designers do momento, como Demna Gvasalia, da Vetements, e Alessandro Michele, da Gucci, têm sido elogiados pela mesma habilidade.
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No entanto, ao invés de querer dinamitar as regras, Abloh é conhecido por sua abordagem conciliadora: ele acredita que a entrada de peças como sneakers, moletons e t-shirts é mais um processo natural de legitimização do streetwear, do que uma negação do que foi feito antes. A questão, na verdade, é provar que, da mesma forma que vestidos de festa com aplicações barrocas, essas peças também podem veicular uma visão artística.
Indicações e prêmios de Virgil Abloh
Da mesma forma, o americano também não esconde a sua ambição — que inclui sonhos de comandar uma grande maison, levando sua visão contemporânea para espaços dominados pela tradição. Ele deixou isso claro em uma entrevista ao “WWD“, e era um dos nomes cotados para assumir a Givenchy. O posto, no entanto, acabou ficando com a estilista Clare Waight Keller:
Eu tenho milhares de ideias que levam relevância moderna, mas também uma visão financeira sobre como essas marcas podem ser mais bem-sucedidas no espaço do luxo. Off-White é meio que o meu currículo e o meu laboratório para experimentar essas ideias e ver quais são válidas.
Isso não quer dizer, porém, que o estilista fuja de riscos. Na primeira coleção da Off-White para mulheres, na semana de moda de Paris, Abloh endereçou o atentado ao Charlie Hebdo. O tema delicado não assustou os críticos, que abraçaram as peças com frases como “Dazed still confused” e “War is not over”, emblemáticas do caos que tomou conta do Ocidente após a tragédia.
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Já em sua última coleção, foi feita uma homenagem à princesa Diana, elevando a figura de Lady Di para além do glamour e das tiaras. E seguem exemplos do ecletismo da Off-White: uma incesada parceria com a Nike (Abloh repensou alguns dos modelos mais famosos da marca, como o Air Jordan 1 e, por outro lado, uma série de fotografias de moda no pavilhão de Mies van der Rohe em Barcelona, um marco do modernismo na arquitetura. Prova de que a fonte de inspirações está longe de secar.
E você, já conhecia Virgil Abloh? E a sua marca Off-White? Conta pra gente o que acha do estilista e de suas peças!
