Sobre meninas e meninos: a desigualdade de gênero começa na infância

Outubro é o mês das crianças. Aquela época em que as pessoas trocam as fotos de perfil no Facebook por suas mais fofas versões kids e as marcas de brinquedo bombardeiam todo e qualquer tipo de mídia apresentando aos pais o presente ideal para os meninos e para as meninas. Para os meninos e para as meninas. Esse é o problema. Por isso, precisamos começar a pensar sobre a desigualdade de gênero na infância.

Pode parecer inocente e até coerente dizer a um menino que fantasia de princesa é só para meninas, ou dizer à elas que jogar futebol com os garotos da rua não é muito feminino. Mas isso no futuro vira machismo e homofobia. Vira intolerância com o que é diferente, o que está “fora dos padrões”.

Certa vez, trabalhando como babysitter de um garotinho de 4 anos, presenciei a seguinte cena: Estávamos em um clube bem conceituado em São Paulo e ele viu as amiguinhas brincando de pintar as unhas de azul. Ele parou, ficou vidrado na cena e disse às mães das meninas que também queria. Elas me olharam como quem diz “você não vai permitir isso, vai?” e vendo que não me opus a situação, muito contrariadas, pintaram as unhas dele.

Como não tenho filhos, foi a primeira vez que presenciei uma situação do tipo. E foi a primeira vez que associei que são também essas pequenas coisas que formam o caráter das crianças.

Naquele momento ele não tinha preocupação nenhuma de que aquilo o fizesse parecer uma menina. Ele só queria ser criança e brincar. O esmalte saía na água, depois do banho já não tinha nada. Mas se eu tivesse negado seu pedido, eu o teria ensinado que meninos não pintam a unha, e teria inserido nele um preconceito que ele não tinha.

A desigualdade de gênero na infância

A questão do gênero na infância é um assunto bastante discutido atualmente (que bom!), mas muitos pais ainda tratam o tema como tabu. Não percebem que embora “tenha sido sempre assim”, hoje o mundo é outro e aprender a respeitar as diferenças começa dentro de casa, desde bebês.

Me lembro bem dos presentinhos que fazíamos na escola para as festas dos pais. No dia das mães era um avental, no dia dos pais uma caixa de ferramentas. As mamães eram sempre elogiadas por seus deliciosos quitutes, por serem ótimas donas de casa e cuidarem bem da família. Os papais eram sempre nossos super-heróis. Também reconhece essa história?

E longe de mim querer negar isso! Meus pais por exemplo são mesmo tudo isso, mas são o contrário também. As mulheres também trabalham duro fora de casa e são super-heroínas. Os homens também cozinham e cuidam da casa (bom, alguns deles). Só que essa não é a versão que passamos de geração em geração, e enquanto isso não mudar, vai ser sempre assim.

A questão não é forçar as crianças a usarem roupas e fazerem coisas consideradas mais apropriadas para o sexo oposto, mas não os reprimir se quiserem fazê-lo. Você não precisa comprar um Hulk para sua filha ao invés de uma Barbie, mas não a recrimine se essa for sua vontade. E não ridicularize se quem quiser a boneca for seu filho.

As fabricantes e lojas de brinquedo são grandes influenciadoras nessa fase da vida das crianças. A segmentação “para meninos” e “para meninas” já os encaminha para um mundo azul ou cor-de-rosa. No fundo não é o menino que não quer escolher uma boneca na loja, mas os pais que sentem vergonha e os direcionam para uma sessão de arminhas e espadas, afinal, isso sim é coisa de homem!

Marcas de roupa infantil sem gênero

https://www.instagram.com/p/BVt-yLMn0jG/?taken-by=mini.mi_estudio

Felizmente existem marcas por aí empenhadas em mudar essa realidade. A Leg Leg por exemplo é especializada em calças legging infantis e tem cores e estampas que podem ser usadas por qualquer criança! A Ateliê Cui Cui também produz roupas sem gênero para os pequenos e tem estampas fofas desenhadas à mão. Já a Mini.mi Estúdio aposta em peças minimalistas que priorizam o conforto de meninos e meninas na hora de brincar!

O conceito genderless no mundo infantil chegou também à decoração dos quartinhos. Muitos pais estão usando cores neutras ou que não remetam diretamente ao sexo do bebê, além de complementar com objetos e imagens que fogem do tradicional carrinho x bailarina.

A verdade é que nós, sábios adultos, achamos que estamos ensinando as crianças (sejam elas filhos, irmãos, sobrinhos, alunos…) mas um pequeno Batman brincando de fazer bolo em sua cozinha cor-de-rosa pode acabar mostrando que sabe muito mais do que a gente sobre a vida!

Se igualdade de gêneros é um assunto que te interessa, clique aqui e leia mais sobre isso! Ah, aproveita pra contar pra gente sua opinião sobre a desigualdade de gênero na infância. O que você acha?

Se você gostou desse post, pode conferir vários outros conteúdos no meu blog pessoal, o Quero Ir Lá

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