A música Being Bored, do Pet Shop Boys, fala ao coração de todos que tiveram o privilégio de crescer na década de 1990, com todas as suas músicas grunge, sua juventude incompreendida, manifestos de liberdade e Alicia Silverstone nos ensinando a vestir xadrez em As Patricinhas de Beverly Hills. Venha relembrar como nunca ficávamos entediados nos anos 90!
Antes, dê o play na música pra entrar no clima enquanto fazemos um resumo histórico do que rolou no mundo de 1990 a 1999:
Década de 90: o que teve?
1990 começou com o fim da União Soviética e da Guerra Fria. No Brasil, o Real ainda não era nossa moeda e Collor estava confiscando dinheiro das poupanças, o que provavelmente deixou seus pais bem bravos. Ou talvez você mesmo tenha sido um dos caras-pintada que lutou pelo impeachment (e conseguiu).
O “destronamento” de Collor foi só uma das vitórias da democracia na década de 1990. O mundo todo se tornava mais democrático, aos poucos, avançando junto com a globalização e o capitalismo global. Não é à toa que os anos 90 são conhecidos como “tempos prósperos“.
Como nem tudo são rosas, a década de 90 também foi palco da Guerra do Golfo e outros episódios não muito legais de lembrar, mas que mudaram os rumos da humanidade, de certa forma. O aumento dos casos de AIDS ganhou a mídia e quem carregava o vírus carregava também o enorme peso do preconceito, muito, muito maior do que nos dias de hoje (embora ainda seja uma luta necessária).
Somos a geração que viu a internet nascer!
Parte desse e de muitos outros avanços se deveu a outro fruto dos anos 90: a popularização da internet e do computador pessoal.
Caso você tenha nascido lá pelos anos 2000, saiba que apenas 10 anos antes quase ninguém tinha internet. No mundo todo. Nossos pais chegaram a pensar que um computador móvel (conhecido hoje como smartphone) seria impossível, tipo um sonho de maluco. Hoje estamos aqui, carregando nas mãos gadgets com mais capacidade de processamento que o computador que levou o homem à Lua.
Não é brincadeira, é sério: seu smartphone é mais potente do que um computador da NASA de 1969. Clique aqui se duvida.
É difícil, para os jovens de hoje, imaginar que o mundo mudou mais nos últimos 20 anos do que nos 70 anteriores. Ainda bem que nós tivemos o privilégio de ver para crer.
1990: quando as regras começaram a virar de cabeça pra baixo
Não sei você, mas eu tenho um baita orgulho por ter vivido a década de 90. Muitos dos valores que carrego ainda hoje cresceram comigo naquela época. Foi nela que os papos sobre sustentabilidade começaram a ser gritados num megafone, o show Will and Grace foi lançado, Elton John, Ellen DeGeneres e George Michael assumiram sua homossexualidade e o tema foi discutido na TV brasileira pela primeira vez, na novela A Próxima Vítima.
Não é a toa que os anos 90 tiveram o prazer de aclamar (e velar) personalidades como Freddie Mercury, Kurt Cobain, Cazuza e Stevie Ray Vaughan.
A mídia não conseguiu atravessar os anos 90 e permanecer igual. Havia muita informação sendo disseminada e muita vontade dos jovens de questionar alguns padrões comportamentais/preconceitos.
Juventude de contrastes
Tem coisa que explique melhor o anseio por liberdade regido pelos anos 90 do que o grunge? A sociedade nunca tinha ouvido cantar tanto sobre alienação, anarquia e pressões sociais. Uma oposição declarada à imagem social “limpa”, “perfeita”, mas que na realidade sufoca quem queremos ser de verdade.
Em contraponto à toda “sujeira” do grunge, das revoluções políticas e do fácil acesso à informação, um dos filmes de maior sucesso dos anos 90 foi As Patricinhas de Beverly Hills, estrelada pela ainda musa Alicia Silverstone (que também marcou nossa juventude com o clipe Cryin’, do Aerosmith).
Explique este fenômeno: como um filme aparentemente tão fútil conquistou o coração dos jovens da década mais subversiva até então?
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Simples: a juventude dos anos 90 clamava por uma sociedade melhor porque via que era possível. E adorava sonhar com ela.
‘Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
A liberdade reinou na década de 90. Os jovens puderam se abrir para um mundo que, até pouco tempo, era inacessível. Questionar o que antes era inquestionável, como sua posição social, seus sentimentos ou sua sexualidade.
De maneira geral, na década de 90, os jovens se deram ao luxo de se preocupar apenas em ser jovens.
Como nunca ficávamos entediados nos anos 90
É esse espírito de liberdade, despreocupação e sentimentos sinceros que Alicia Silverstone viveu em As Patricinhas de Beverly Hills. Não é sobre um grupo de meninas ricas incapazes de enxergar um ser humano. É sobre um grupo de meninas que vive o sonho de uma juventude cheia de risos, beijos e roupas bonitas. Porém, sem abandonar seu caráter ou se esquecer da beleza de ajudar os outros.
A década de 90 nos enche de saudade porque nos lembra de quem éramos antes de aprendermos a nos preocupar. Mas quer saber? Não há nada de errado em se esquecer disso de vez em quando. Não há nada de errado em se vestir bem, ter dinheiro, um closet computadorizado, beijar quantas bocas quiser, ser quem você é.
Os anos 90 sempre viverão para nos lembrar disso, enquanto ainda nos lembrarmos dos sonhos que tínhamos neles.
Now I sit with different faces
In rented rooms and foreign places
All the people I was kissing
Some are here and some are missing
In the nineteen-nineties
I never dreamt that I would get to be
The creature that I always meant to be
But I thought in spite of dreams
You’d be sitting somewhere here with me
Ah, e só por curiosidade: Alicia Silverstone continua rainha. Especialmente nas campanhas pró-vegetarianismo e pelos direitos dos animais.
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Você teve o privilégio de viver nos anos 90? Assistiu As Patricinhas de Beverly Hills até decorar as falas? Ou preferia riscar o símbolo da anarquia em todos os seus cadernos? Qual a melhor coisa dos anos 90 pra você? Conte pra gente nos comentários!